Emília sonhava ser bailarina. António Figueiredo chegou a pensar em ser padre. Cláudia andou indecisa entre o mundo da advocacia e dos polícias. Se alguns desejavam, em pequenos, seguir outros destinos, a vida levou-os a exercer aquele que é, segundo Gabriel Garcia Marquez, “o melhor ofício do mundo”.
Emília Amaral, de 41 anos, António Figueiredo, 43, e Cláudia Trindade, de 26, são jornalistas. Conheceram-se em Outubro de 2008, nos bancos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra onde, desde então, frequentam a primeira pós-graduação em Imprensa Regional realizada no país.
Com eles, mais cerca de 15 pessoas reúnem-se todas as semanas para discutir o presente e reflectir sobre o futuro da profissão. Todavia, há escassos meses, as expectativas em relação ao curso eram demasiado altas. “Não sendo o que estava à espera, aprendemos sempre algo de novo, quanto mais não seja com a experiência de outros colegas e dos próprios professores”, refere Emília Amaral, directora do Jornal do Centro, em Viseu.
Mesmo assim, o tempo renunciado ao lazer habitual de um fim-de-semana ou à companhia dos amigos e familiares tem valido a pena: “É um complemento de informação técnica e um “fórum” para debate de novas estratégias de abordagem à profissão”, refere por seu turno, António Rosado, jornalista do Diário As Beiras. Afinal, se alguns nunca sonharam tornar-se profissionais da comunicação, hoje, todos os que frequentam a pós-graduação têm, pelo menos, uma coisa em comum: “a preocupação com o futuro e a vontade de saber mais… sempre mais”.
Emília Amaral, de 41 anos, António Figueiredo, 43, e Cláudia Trindade, de 26, são jornalistas. Conheceram-se em Outubro de 2008, nos bancos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra onde, desde então, frequentam a primeira pós-graduação em Imprensa Regional realizada no país.
Com eles, mais cerca de 15 pessoas reúnem-se todas as semanas para discutir o presente e reflectir sobre o futuro da profissão. Todavia, há escassos meses, as expectativas em relação ao curso eram demasiado altas. “Não sendo o que estava à espera, aprendemos sempre algo de novo, quanto mais não seja com a experiência de outros colegas e dos próprios professores”, refere Emília Amaral, directora do Jornal do Centro, em Viseu.
Mesmo assim, o tempo renunciado ao lazer habitual de um fim-de-semana ou à companhia dos amigos e familiares tem valido a pena: “É um complemento de informação técnica e um “fórum” para debate de novas estratégias de abordagem à profissão”, refere por seu turno, António Rosado, jornalista do Diário As Beiras. Afinal, se alguns nunca sonharam tornar-se profissionais da comunicação, hoje, todos os que frequentam a pós-graduação têm, pelo menos, uma coisa em comum: “a preocupação com o futuro e a vontade de saber mais… sempre mais”.
PERSPECTIVAS DE FUTURO
Tânia Lino, hoje com 27 anos e jornalista no jornal “Audiência”, era ainda menina quando fez a primeira reportagem. “Tenho muito presente na mente uma imagem de uma tarde em que peguei num microfone dos meus irmãos e fui com um caderno e uma caneta para junto das árvores de fruto, que o meu pai com canto carinho cuidava. Contei as folhas que a árvore tinha e fiz uma reportagem com tão interessante assunto”, conta.
O bichinho da rádio também se revelou bem cedo na vida de Mário Freire “Em criança cheguei a brincar às rádios, com brincadeiras de entrevistas e simulação de relatos de futebol, mas estava longe de imaginar que esta pudesse vir a ser a minha opção profissional”.
Também António Rosado chegou a simular, com apenas oito anos, programas de rádio “com música na hi-fi lá de casa com micro”.
O tempo foi passando e cada um dos alunos foi trilhando diferentes percursos de vida. Talvez por isso, uma das grandes mais-valias do curso seja, precisamente, a troca de experiência entre colegas. Afinal, contam-se histórias, revelam-se sonhos, partilham-se bons momentos. E os maus também. Como aquele dia – em Abril de 2009 – quando uma colega do curso conheceu a triste realidade do desemprego. Adriana Afonso, que cedo conheceu o mundo do jornalismo criminal, no Rio de Janeiro (de onde é natural), atravessaria o Atlântico para vir trabalhar, durante sete anos, no Jornal O Eco, em Pombal. Naquela tarde, fechava-se uma porta. Outras abrir-se-ão, acreditam os colegas. No entanto, para Adriana, o que mais a entristece “é o facto de não ter perspectivas de futuro”.
Apesar de tudo, ainda há sonhos. Muitos sonhos. Benedita Oliveira, jornalista no semanário Campeão das Províncias, gostava de trabalhar num jornal nacional. Oriana Pataco, de 29 anos e chefe de redacção do Jornal da Bairrada, sonha voltar um dia aos ecrãs de televisão, onde iniciou a carreira.
Emília Amaral deseja montar uma rádio e um jornal numa comunidade africana. “Eles têm “sede” de informação”, justifica. Já o sonho de António Rosado é “fazer jornalismo de “viagens com pessoas dentro”. Gostava de trabalhar num mundo (qualquer que fosse) de gente inteligente”, refere.
A precariedade na profissão é um dos pontos que mais preocupa todos os profissionais que frequentam este curso. Tânia Lino, por exemplo, nunca desistiu do sonho de ser jornalista. Mas, para isso, tem que dividir as horas do seu dia por dois empregos. Por isso – adianta ao “J” –, o seu desejo é vir a trabalhar num órgão de comunicação social que a permita não precisar de ter outro emprego. “Actualmente não consigo viver apenas com o jornalismo, nem quero, pela insegurança que todos os órgãos transmitem. Prefiro não depender financeiramente desta actividade e continuar a fazer o meu trabalho com muita paixão”, revela.
SONHOS E DESILUSÕES
Ser jornalista é, por vezes, uma profissão ingrata. Que o diga Oriana Pataco: “desilude-me a precariedade na nossa profissão. E também o facto do público só saber apontar os erros, as falhas, mas ser ingrato e pouco sensível quando apresentamos bons trabalhos.” Uma opinião partilhada por Diana Claro, jornalista no Diário As Beiras: “Fico desiludida com o facto de não nos darem o devido valor, que não reconheçam o esforço que a profissão exige”. Já, para Mário Freire, o pior no mundo do jornalismo “é a postura de arrogância, inveja e individualismo de alguns colegas”.
A chama do jornalismo, como qualquer outra chama que se preze, necessita de constante alimentação para se manter viva. Em cada um dos alunos desta pós-graduação perdura ainda – apesar de algumas desilusões – a visão romântica do jornalismo. “Apaixona-me a descoberta e a responsabilidade social. Quando percebemos que, por via de um trabalho nosso, conseguimos melhorar a vida de alguém ou fazer alguém feliz, essa é a maior recompensa que se pode pedir”, afirma Oriana Pataco.
Tânia Lino, hoje com 27 anos e jornalista no jornal “Audiência”, era ainda menina quando fez a primeira reportagem. “Tenho muito presente na mente uma imagem de uma tarde em que peguei num microfone dos meus irmãos e fui com um caderno e uma caneta para junto das árvores de fruto, que o meu pai com canto carinho cuidava. Contei as folhas que a árvore tinha e fiz uma reportagem com tão interessante assunto”, conta.
O bichinho da rádio também se revelou bem cedo na vida de Mário Freire “Em criança cheguei a brincar às rádios, com brincadeiras de entrevistas e simulação de relatos de futebol, mas estava longe de imaginar que esta pudesse vir a ser a minha opção profissional”.
Também António Rosado chegou a simular, com apenas oito anos, programas de rádio “com música na hi-fi lá de casa com micro”.
O tempo foi passando e cada um dos alunos foi trilhando diferentes percursos de vida. Talvez por isso, uma das grandes mais-valias do curso seja, precisamente, a troca de experiência entre colegas. Afinal, contam-se histórias, revelam-se sonhos, partilham-se bons momentos. E os maus também. Como aquele dia – em Abril de 2009 – quando uma colega do curso conheceu a triste realidade do desemprego. Adriana Afonso, que cedo conheceu o mundo do jornalismo criminal, no Rio de Janeiro (de onde é natural), atravessaria o Atlântico para vir trabalhar, durante sete anos, no Jornal O Eco, em Pombal. Naquela tarde, fechava-se uma porta. Outras abrir-se-ão, acreditam os colegas. No entanto, para Adriana, o que mais a entristece “é o facto de não ter perspectivas de futuro”.
Apesar de tudo, ainda há sonhos. Muitos sonhos. Benedita Oliveira, jornalista no semanário Campeão das Províncias, gostava de trabalhar num jornal nacional. Oriana Pataco, de 29 anos e chefe de redacção do Jornal da Bairrada, sonha voltar um dia aos ecrãs de televisão, onde iniciou a carreira.
Emília Amaral deseja montar uma rádio e um jornal numa comunidade africana. “Eles têm “sede” de informação”, justifica. Já o sonho de António Rosado é “fazer jornalismo de “viagens com pessoas dentro”. Gostava de trabalhar num mundo (qualquer que fosse) de gente inteligente”, refere.
A precariedade na profissão é um dos pontos que mais preocupa todos os profissionais que frequentam este curso. Tânia Lino, por exemplo, nunca desistiu do sonho de ser jornalista. Mas, para isso, tem que dividir as horas do seu dia por dois empregos. Por isso – adianta ao “J” –, o seu desejo é vir a trabalhar num órgão de comunicação social que a permita não precisar de ter outro emprego. “Actualmente não consigo viver apenas com o jornalismo, nem quero, pela insegurança que todos os órgãos transmitem. Prefiro não depender financeiramente desta actividade e continuar a fazer o meu trabalho com muita paixão”, revela.
SONHOS E DESILUSÕES
Ser jornalista é, por vezes, uma profissão ingrata. Que o diga Oriana Pataco: “desilude-me a precariedade na nossa profissão. E também o facto do público só saber apontar os erros, as falhas, mas ser ingrato e pouco sensível quando apresentamos bons trabalhos.” Uma opinião partilhada por Diana Claro, jornalista no Diário As Beiras: “Fico desiludida com o facto de não nos darem o devido valor, que não reconheçam o esforço que a profissão exige”. Já, para Mário Freire, o pior no mundo do jornalismo “é a postura de arrogância, inveja e individualismo de alguns colegas”.
A chama do jornalismo, como qualquer outra chama que se preze, necessita de constante alimentação para se manter viva. Em cada um dos alunos desta pós-graduação perdura ainda – apesar de algumas desilusões – a visão romântica do jornalismo. “Apaixona-me a descoberta e a responsabilidade social. Quando percebemos que, por via de um trabalho nosso, conseguimos melhorar a vida de alguém ou fazer alguém feliz, essa é a maior recompensa que se pode pedir”, afirma Oriana Pataco.
Já Mário Freire refere que um dos grandes privilégios da sua profissão é o de “servir causas públicas, contribuindo para o desenvolvimento e uma melhor qualidade de vida, muitas vezes denunciando as injustiças sociais”.
Talvez seja por isso que, apesar da precariedade e de alguma incompreensão, cada um daqueles alunos (ainda) mantenha ainda, “a chama viva”. “Bem lá no fundo, já gosto do sítio onde trabalho...”, diz Diana Claro.
“Um dia gostava de ser reconhecida como uma excelente profissional. Sou feliz onde estou”, diz, por sua vez, Claúdia Trindade, também jornalista no Diário As Beiras.
Ser jornalista é, também, saber resistir, apesar das barreiras, das pressões, da vida quotidiana ameaçada de carências e desgraçadas. E a prova está ali, naqueles bancos da Faculdade de Letras, onde apesar de tudo, a opinião é unânime: “ser jornalista é (mesmo) o melhor ofício do mundo”.
Ser jornalista é, também, saber resistir, apesar das barreiras, das pressões, da vida quotidiana ameaçada de carências e desgraçadas. E a prova está ali, naqueles bancos da Faculdade de Letras, onde apesar de tudo, a opinião é unânime: “ser jornalista é (mesmo) o melhor ofício do mundo”.
Patrícia Cruz Almeida
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