Descanso em estado puro
“O visitante, aqui, pode encontrar a natureza pura tal como ela é, sem ser transformada e sem estar destruída pelo homem, porque tudo o que está aqui existe assim há mais de cem anos”
A cerca de 1500 metros de altitude, uma pequena localidade do concelho de Manteigas esconde um recanto, um pequeno espaço, que pelas suas características únicas e indescritíveis cria um sentimento de união e encontro com uma paz cada vez mais procurada nos dias de hoje. Muito longe do stress em que mergulhamos diariamente na labuta pela conquista dos nossos objectivos.
A neve avista-se ao início da subida da Serra da Estrela, ainda acabados de sair de Gouveia, a cidade berço do escritor Virgílio Ferreira. Pelo caminho, na estrada nacional 232 vamos nos perdendo com as esculturas naturais de pedra que a erosão transformou em nomes popularmente conhecidos. A “cabeça do cão” ou a “cabeça do velho” espreitam-nos do alto da sua imponência. Arte simples e rude que surge a cada instante desta montanha que abriga um dos mais belos espaços de evasão e descanso que se poderá imaginar.
O rio Mondego corre sobre as margens, aqui a água é pura e cristalina. Pouco antes de se chegar a Manteigas existe um cruzamento à direita, a direcção indica … Penhas Douradas, a pequena aldeia que foi a primeira estância de montanha a surgir em Portugal há mais de cem anos atrás. Em 1882, César Henriques, o primeiro habitante da localidade mandou ali construir a Casa da Fraga. Doente do conhecido médico Sousa Martins veio curar-se naquele local da tuberculose que padecia e daí nasceram os primeiros sanatórios, que deram origem à estância.
Começamos a subir a estrada que nos leva às Penhas Douradas. A neve cai com intensidade, já por cima do monte branco que a noite encomendou. Por entre o céu etéreo começam-se avistar pequenos challets que embelezam a passagem por aquela estrada. Casas invulgares feitas de madeira, zinco e pedra.
De entre estas moradias destaca-se a “Casa das Penhas Douradas”. Uma unidade turística de design moderno e arrojado aliado à estrutura tradicional das casas que ali irrompem.
A leveza da neve a cair faz adivinhar a tranquilidade que espreita pela porta de entrada do challet. Ao entrar o aroma a café conjugado com o som da lenha a crepitar nas lareiras que enchem aquele lar cria um sentimento de conforto indelével.
À nossa espera, Isabel Dias da Costa, proprietária da casa desde 2002, e que apresenta o local “como um sonho que se foi materializando”. “Eu e o meu marido somos apaixonados pela Serra da Estrela e surgiu a hipótese de concretizar o sonho de poder vir viver para a montanha mais tempo, e poder usufruir de tudo o que a montanha oferece, a paz o sossego, e partilhar a casa com outras pessoas”, acrescenta.
Percorrendo a casa verificamos que apesar dos muitos turistas ali presentes o silêncio e a tranquilidade imperam no espaço como se de um pacto se tratasse. “O visitante, aqui, pode encontrar a natureza pura tal como ela é, sem ser transformada e sem estar destruída pelo homem, porque tudo o que está aqui existe assim há mais de cem anos”, afirma a responsável pela casa salientando que “mais importante que a casa é o local”.
Na sala de refeições termina-se de almoçar, enquanto logo ao lado numa pequena sala de estar, pais e filhos jogam Scrabble. Segundo Isabel Dias da Costa “a lógica do serviço é que as pessoas se sintam em casa e não num hotel”. ”Têm livros, dvds e filmes espalhados pela casa, acesso à Internet”, realça.
Pela casa encontram-se também vários pontos de chá em que “os hóspedes podem a qualquer momento servir-se e tomar uma efusão”, esclarece a responsável. Esconderijos sublimes que favorecem a troca de palavras entre os transeuntes.
Quanto aos serviços que estão disponíveis na época de Inverno, Isabel Costa conta que “nesta altura estão disponíveis as raquetes de neve e os percursos”. “Em parceria com o Parque Natural da Serra da Estrela já foram marcados três percursos à volta da casa, e depois há os percursos de montanha já marcados pelo Parque, são grandes e antigos”, revela a proprietária do challet sublinhando que “é uma casa que tem muitos estrangeiros, essencialmente ingleses, que vêm caminhar e que precisam de um percurso diferente e longo todos os dias”. “Por isso é muito importante que haja percursos marcados”, considera.
E para recuperar as forças depois das caminhadas pelo Vale do Zêzere a “Casa das Penhas Douradas” oferece também uma requintada selecção gastronómica. Isabel Costa revela que “a Casa tem uma parceria com o chefe Luís Baena, que é o consultor de cozinha da casa”. “A gastronomia é gourmet, tudo com produtos locais, a feijoca, a abóbora, os queijos”, assegura a responsável pela unidade turística que deixa como sugestão, a degustar, uma deliciosa Gaufre com Queijo da Serra, ou uma esparguete de feijoca.
E porque o local não pára de surpreender, os visitantes têm ainda a oportunidade de visitar o Museu do ski. “Ao longo dos anos fomos fazendo uma colecção de skis antigos, por isso desde 1890 temos um par por cada década, temos também trenós com mais de cem anos, e temos uma biblioteca sobre ski’s, desde manuais a expedições de exploradores”, sublinha a proprietária.
Expedições descobertas em livro, que pode ser lido à beira da piscina interior que a casa acolhe.
Joana Sousa, hóspede da casa, instalada num dos nove quartos do lar veio do Porto para conhecer o local que lhe despertou curiosidade na Internet. “Vi na Internet e pareceu-me muito apelativo com a piscina interior e os quartos muito giros, e como havia neve viemos para cá”, conta. Quanto às expectativas, Joana Sousa é peremptória ao afirmar que “é muito melhor do que imaginava”. “Superou as expectativas”, confessa.
Tal como Joana Sousa são muitos os olhares que se perdem no belo quadro da piscina interior da casa, que não passou despercebida à nossa passagem. Mergulhar na água quente com a neve a cair mesmo ao nosso lado e de seguida descontrair na sauna do lar é um cenário inebriante.
A neve continua a cair, arrefecendo os 3 graus que se fazem sentir no ar gélido da montanha. Uma temperatura indiferente ao conforto dos quartos que beneficiam de uma vista sublime para uma vegetação rica e densa que nos faz sonhar e viver um dia de cada vez.
Preços:
QUARTO DUPLO (E PEQUENO ALMOÇO) - fim de semana (6.ª feira e Sábado), vésperas de feriado e "pontes" - 120€
QUARTO DUPLO (E PEQUENO ALMOÇO) - Domingo a 5ª feira - 95 €
Liliana Carona
“O visitante, aqui, pode encontrar a natureza pura tal como ela é, sem ser transformada e sem estar destruída pelo homem, porque tudo o que está aqui existe assim há mais de cem anos”
A cerca de 1500 metros de altitude, uma pequena localidade do concelho de Manteigas esconde um recanto, um pequeno espaço, que pelas suas características únicas e indescritíveis cria um sentimento de união e encontro com uma paz cada vez mais procurada nos dias de hoje. Muito longe do stress em que mergulhamos diariamente na labuta pela conquista dos nossos objectivos.
A neve avista-se ao início da subida da Serra da Estrela, ainda acabados de sair de Gouveia, a cidade berço do escritor Virgílio Ferreira. Pelo caminho, na estrada nacional 232 vamos nos perdendo com as esculturas naturais de pedra que a erosão transformou em nomes popularmente conhecidos. A “cabeça do cão” ou a “cabeça do velho” espreitam-nos do alto da sua imponência. Arte simples e rude que surge a cada instante desta montanha que abriga um dos mais belos espaços de evasão e descanso que se poderá imaginar.
O rio Mondego corre sobre as margens, aqui a água é pura e cristalina. Pouco antes de se chegar a Manteigas existe um cruzamento à direita, a direcção indica … Penhas Douradas, a pequena aldeia que foi a primeira estância de montanha a surgir em Portugal há mais de cem anos atrás. Em 1882, César Henriques, o primeiro habitante da localidade mandou ali construir a Casa da Fraga. Doente do conhecido médico Sousa Martins veio curar-se naquele local da tuberculose que padecia e daí nasceram os primeiros sanatórios, que deram origem à estância.
Começamos a subir a estrada que nos leva às Penhas Douradas. A neve cai com intensidade, já por cima do monte branco que a noite encomendou. Por entre o céu etéreo começam-se avistar pequenos challets que embelezam a passagem por aquela estrada. Casas invulgares feitas de madeira, zinco e pedra.
De entre estas moradias destaca-se a “Casa das Penhas Douradas”. Uma unidade turística de design moderno e arrojado aliado à estrutura tradicional das casas que ali irrompem.
A leveza da neve a cair faz adivinhar a tranquilidade que espreita pela porta de entrada do challet. Ao entrar o aroma a café conjugado com o som da lenha a crepitar nas lareiras que enchem aquele lar cria um sentimento de conforto indelével.
À nossa espera, Isabel Dias da Costa, proprietária da casa desde 2002, e que apresenta o local “como um sonho que se foi materializando”. “Eu e o meu marido somos apaixonados pela Serra da Estrela e surgiu a hipótese de concretizar o sonho de poder vir viver para a montanha mais tempo, e poder usufruir de tudo o que a montanha oferece, a paz o sossego, e partilhar a casa com outras pessoas”, acrescenta.
Percorrendo a casa verificamos que apesar dos muitos turistas ali presentes o silêncio e a tranquilidade imperam no espaço como se de um pacto se tratasse. “O visitante, aqui, pode encontrar a natureza pura tal como ela é, sem ser transformada e sem estar destruída pelo homem, porque tudo o que está aqui existe assim há mais de cem anos”, afirma a responsável pela casa salientando que “mais importante que a casa é o local”.
Na sala de refeições termina-se de almoçar, enquanto logo ao lado numa pequena sala de estar, pais e filhos jogam Scrabble. Segundo Isabel Dias da Costa “a lógica do serviço é que as pessoas se sintam em casa e não num hotel”. ”Têm livros, dvds e filmes espalhados pela casa, acesso à Internet”, realça.
Pela casa encontram-se também vários pontos de chá em que “os hóspedes podem a qualquer momento servir-se e tomar uma efusão”, esclarece a responsável. Esconderijos sublimes que favorecem a troca de palavras entre os transeuntes.
Quanto aos serviços que estão disponíveis na época de Inverno, Isabel Costa conta que “nesta altura estão disponíveis as raquetes de neve e os percursos”. “Em parceria com o Parque Natural da Serra da Estrela já foram marcados três percursos à volta da casa, e depois há os percursos de montanha já marcados pelo Parque, são grandes e antigos”, revela a proprietária do challet sublinhando que “é uma casa que tem muitos estrangeiros, essencialmente ingleses, que vêm caminhar e que precisam de um percurso diferente e longo todos os dias”. “Por isso é muito importante que haja percursos marcados”, considera.
E para recuperar as forças depois das caminhadas pelo Vale do Zêzere a “Casa das Penhas Douradas” oferece também uma requintada selecção gastronómica. Isabel Costa revela que “a Casa tem uma parceria com o chefe Luís Baena, que é o consultor de cozinha da casa”. “A gastronomia é gourmet, tudo com produtos locais, a feijoca, a abóbora, os queijos”, assegura a responsável pela unidade turística que deixa como sugestão, a degustar, uma deliciosa Gaufre com Queijo da Serra, ou uma esparguete de feijoca.
E porque o local não pára de surpreender, os visitantes têm ainda a oportunidade de visitar o Museu do ski. “Ao longo dos anos fomos fazendo uma colecção de skis antigos, por isso desde 1890 temos um par por cada década, temos também trenós com mais de cem anos, e temos uma biblioteca sobre ski’s, desde manuais a expedições de exploradores”, sublinha a proprietária.
Expedições descobertas em livro, que pode ser lido à beira da piscina interior que a casa acolhe.
Joana Sousa, hóspede da casa, instalada num dos nove quartos do lar veio do Porto para conhecer o local que lhe despertou curiosidade na Internet. “Vi na Internet e pareceu-me muito apelativo com a piscina interior e os quartos muito giros, e como havia neve viemos para cá”, conta. Quanto às expectativas, Joana Sousa é peremptória ao afirmar que “é muito melhor do que imaginava”. “Superou as expectativas”, confessa.
Tal como Joana Sousa são muitos os olhares que se perdem no belo quadro da piscina interior da casa, que não passou despercebida à nossa passagem. Mergulhar na água quente com a neve a cair mesmo ao nosso lado e de seguida descontrair na sauna do lar é um cenário inebriante.
A neve continua a cair, arrefecendo os 3 graus que se fazem sentir no ar gélido da montanha. Uma temperatura indiferente ao conforto dos quartos que beneficiam de uma vista sublime para uma vegetação rica e densa que nos faz sonhar e viver um dia de cada vez.
Preços:
QUARTO DUPLO (E PEQUENO ALMOÇO) - fim de semana (6.ª feira e Sábado), vésperas de feriado e "pontes" - 120€
QUARTO DUPLO (E PEQUENO ALMOÇO) - Domingo a 5ª feira - 95 €
Liliana Carona
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