A guerra do Ultramar foi uma marca indelével na vida de Joaquim Pereira dos Santos
Joaquim Pereira dos Santos foi apenas um dos muitos Homens que saíram do país, cumprindo as obrigações de um regime ditatorial, de um Estado que controlava alguns países africanos, enquanto colónias.
Guiné, Moçambique e Angola foram palco de batalhas ferozes, de confrontos difíceis, de corpos dizimados pelas catanas ou pelos albuzes, de sangue derramado, sem se saber porquê e para quê tanto sofrimento.
Este jovem do Telheiro, mais tarde radicado em Pousos, é protagonista de uma história de vida vastíssima, pautada pela guerra no Ultramar, onde foi testemunha de um conflito que não desencadeou e com o qual muito menos se identificou. Mas, teve de partir para cumprir ordens superiores, para honrar a nação…
Aquando da sua partida, embarcaram também outros colegas. Muitos voltaram dentro de quatro tábuas, outros nem à pátria tiveram a sorte de retornar.
Joaquim Pereira dos Santos teve um destino diverso: conseguiu regressar, embora diferente. Um trauma de guerra ainda hoje lhe muda os dias e as horas. Sente que o Estado lhe voltou as costas, como a tantos outros que tiveram a sorte de regressar num barco ou avião das ex-colónias portuguesas.
O retrato de uma história de vida na primeira pessoa…
Aos 57 anos de idade, são inúmeras as histórias guardadas no livro da sua memória. Recordações que transporta. Umas pintadas de cor-de-rosa outras de negro.
A infância foi passada com simplicidade. No lugar do Telheiro, na freguesia da Barreira, cresceu lado a lado com os jogos tradicionais da época. Habituou-se, desde catraio, a valorizar a existência de Deus. Assistiu ao crescimento de uma casa com ….. irmãos, onde os pais, apesar de muitas dificuldades, conseguiram, com a mesma panela de sopa, criar, com educação os seus filhos.
Joaquim Pereira dos Santos entrou na escola primária do Telheiro com 7 anos e saiu aos 14 anos, com a quarta classe completa. A partir daí iniciou a sua vida profissional na Pensão Avenida, em Leiria, local onde permaneceu um ano. Posteriormente, ingressou na J. Silva & Irmão, uma fábrica de farinhas, na qual ficou meio ano. A seguir, aceitou o convite para entrar na torrefacção de café “A. Santos”, na estrada da Marinha Grande, cujo proprietário era o mesmo da antiga Pastelaria Soraya. Permaneceu aí durante dois anos.
Aos 20 anos chegou a convocatória para o cumprimento do serviço militar, onde esteve dois anos e meio destacado, em primeiro lugar, no Porto e depois na guerra ultramarina: Guiné-bissau.
Viveu momentos de dificuldade extrema, de desespero absoluto, pensando que o mais certo seria não conseguir retornar a Portugal para conhecer o filho que, entretanto, tinha nascido.
Quando Joaquim Pereira dos Santos regressou do Ultramar, aguardava-o um convite para ingressar na Torrefacção Maia, na estrada da Estação, Bairro das Almoínhas. Durante três anos permaneceu como responsável pela produção de café, assistindo e participando activamente no crescimento da empresa. Posteriormente, a Portucel foi a empresa que veio a privilegiar, numa carreira profissional que durou 26 anos. Em Janeiro de 2009 reformou-se para, finalmente, descansar do longo tempo que se entregou ao trabalho com afinco.
Recordar tempos ancestrais
Carrega a saudade da alegria dos tempos de pequeno, que apelida de “saudáveis”. Não existia o índice de criminalidade como agora, as pessoas agiam mais no colectivo, com mais pureza e verdade nos seus actos. Hoje, o individualismo e a indiferença nas relações humanas, “para além de magoarem, apenas constroem uma sociedade com pessoas de costas voltadas umas para as outras”.
Antigamente, as pessoas uniam-se, festejavam os acontecimentos, como a passagem do ano. Nas aldeias faziam-se as fogueiras e saltava-se sobre elas. As rodas humanas e as várias brincadeiras populares eram os passatempos da época. Não havia droga, álcool, discotecas, tantas mortes por irresponsabilidades de condução. Para Joaquim Pereira dos Santos “a evolução do mundo foi tal que nos coloca na fronteira exacta da reflexão, sobre saber se devemos recuar ou impedir de avançar”.
Foi aos 19 anos que “alguém o agarrou nos Pousos, uma terra que, um ano e meio depois de casar, o fez ficar para sempre”. Conheceu a Maria Judite, o grande amor da sua vida, a mulher que lhe conferiu a alegria dos seus dois filhos. Mas a distância veio impor-se, com um casamento recente a ser invadido pela necessidade de cumprir a vida militar no palco da guerra.
Guiné, a passagem da dor
O entrevistado ao reportar-se à sua ida para a guerra do Ultramar, diz-nos que “seriam precisas muitas horas para relatar o que por lá viveu”. Joaquim Pereira dos Santos confidencia-nos que partiu num avião da TAP para Bissau, com uma bagagem pesadíssima de medo. Quando chegou, gozou de um ano de algum descanso, pois, foi um período durante o qual não houve ataques. Mas o terror chegou, entretanto.
No Natal de 1974, às 00h00, a sua companhia sofreu um ataque devastador pelos “Turras”. Passado pouco tempo foi destacado para Gadamael, uma zona fronteira, a 18 quilómetros de Konacri. Aqui, estavam a ser atacados a cada cinco minutos, assistindo à morte de muitos dos seus amigos, temendo que a qualquer momento, também sobre caísse alguma bala. Nas suas mãos transportou, com dor, alguns colegas inanimados, mortos ou quase mortos, alguns com órgãos à vista, outros conscientes e a gritar devido às dores que sentiam.
Joaquim Pereira dos Santos perdeu a esperança de voltar para Portugal, quase assumindo que, mais tarde ou mais cedo, também ele seria uma estatística, “mais um que voltava deitado”.
Procurando evitar a exposição à batalha, sentindo, no entanto, com a obrigatoriedade de combater, conseguiu o milagre de escapar com vida. Recorda os momentos da recepção da Virgem Maria na Guiné, onde o seu puro agradecimento e dos outros colegas sobreviventes, foi um sentimento que perdurou até à actualidade. Contudo, a mágoa também o acompanhou, lembrando os “bons momentos com alguns dos colegas que tombaram na guerra”.
O cenário mais dramático, na Guiné, foram os momentos em que “carregava os colegas mortos para as berliés, transportando-os para as morgues, ficando, a seguir, a fazer sentinela aos cadáveres, como honra de pátria e respeito pela sua missão”.
A guerra dispensável
O entendimento de Joaquim Pereira dos Santos e da maioria dos colegas era que “tudo aquilo era um trabalho em vão, porque alguém estava interessado em manter a guerra para se ganhar muito dinheiro nos gabinetes, enquanto os militares estavam revoltados e contra a sua vontade, arriscando em cada minuto a própria vida”.
Porém, a boa notícia chegou no dia 25 de Abril de 1974. Joaquim Pereira dos Santos estava a fazer segurança numa ponte de Bafatá e aparecem alguns colegas à noite, “dando a notícia que se tinha dado o 25 de Abril e que, brevemente, regressariam para casa”. Nessa mesma noite ninguém mais dormiu. Apesar da boa nova ter trazido a esperança, mesmo assim, ainda tiveram, durante algum tempo, especialmente no período do desmantelamento, de “levarem com a ira e revolta da população negra que aproveitava qualquer oportunidade para dizimar”.
Os militares portugueses não eram aceites pelos negros, mas a distribuição de comida, roupas e outros auxílios na saúde e segurança, começaram a dar frutos. Foi-se gerando alguma tranquilidade na relação entre portugueses e guineenses.
Os canhões sem recuo e as armas ligeiras desapareceram por completo das ruas e florestas da Guiné. As aldeias e cidades, os povoamentos, apesar de revoltados contra os militares portugueses, foram-se apercebendo, aos poucos, dos novos tempos. A excepção foram alguns militares “Turras” que se refugiaram no mato.
Joaquim Pereira dos Santos, depois de regressar a Portugal, para reorganizar a sua vida familiar, desde a primeira hora, que se sentiu desprotegido e ignorado pelo Estado Português. Na sua opinião, “parece que mais ninguém quis saber de nós, do que fizemos, como regressamos, como ficámos, ficando absolutamente abandonados”. Só um Ministro da Defesa fez alguma coisa pelos militares do Ultramar, situação que lamenta, “porque muitos já faleceram e o Estado nada fez para reparar muitas mazelas e outros que ainda vivem, continuam com o abandono, o esquecimento completo”. Para este ex-militar de 57 anos de idade, “apenas Paulo Portas fez algo pelos militares do Ultramar”.
Hoje, permanecem muitos homens em cadeiras de roda, com doenças que lhes afectam a vida, com traumas que perturbam os dias… Não existem apoios financeiros, muito menos psicológicos, para batalhões de homens que “foram carne para canhão”.
A fé como sentido e a família como luz
Como homem que acredita em Deus, assume que a sua dedicação à religiosidade o conduz a uma vida com mais sentido e força para enfrentar os desafios/problemas da sua existência. A missa dos domingos dá-lhe a consistência para o resto da semana.
Deseja partilhar o resto do tempo que lhe está destinado com a família, privilegiando os melhores momentos com quem verdadeiramente merece. Pelo caminho, ficam as recordações da querida neta que “foi um farol, a orientação pura, a relação mais imaculada desde que se conheceu”. Joaquim Pereira dos Santos espera um dia reencontrar a Eduarda de Sempre, “a menina que tanto modificou, moldou, todo o seu ser”. Para isso acontecer entende que nos seus actos “têm de se traduzir ao merecimento para lá chegar”.
Quanto aos períodos conturbados que passamos pelo mundo fora, na sua maneira de ver, os Governantes do mundo, “em vez de gastarem o dinheiro nas guerras, que o gastem na Paz”. Na sua óptica, existem tantas pessoas pacíficas, que apenas precisam do nosso sorriso, de um prato de comida, de uma roupa para vestir e de uma ajuda para se inserirem na sociedade.
Joaquim Pereira dos Santos tem um sonho que confidencia: “a utopia de que todo o ser humano consiga ser feliz nesta curta passagem”.
Joaquim Pereira dos Santos foi apenas um dos muitos Homens que saíram do país, cumprindo as obrigações de um regime ditatorial, de um Estado que controlava alguns países africanos, enquanto colónias.
Guiné, Moçambique e Angola foram palco de batalhas ferozes, de confrontos difíceis, de corpos dizimados pelas catanas ou pelos albuzes, de sangue derramado, sem se saber porquê e para quê tanto sofrimento.
Este jovem do Telheiro, mais tarde radicado em Pousos, é protagonista de uma história de vida vastíssima, pautada pela guerra no Ultramar, onde foi testemunha de um conflito que não desencadeou e com o qual muito menos se identificou. Mas, teve de partir para cumprir ordens superiores, para honrar a nação…
Aquando da sua partida, embarcaram também outros colegas. Muitos voltaram dentro de quatro tábuas, outros nem à pátria tiveram a sorte de retornar.
Joaquim Pereira dos Santos teve um destino diverso: conseguiu regressar, embora diferente. Um trauma de guerra ainda hoje lhe muda os dias e as horas. Sente que o Estado lhe voltou as costas, como a tantos outros que tiveram a sorte de regressar num barco ou avião das ex-colónias portuguesas.
O retrato de uma história de vida na primeira pessoa…
Aos 57 anos de idade, são inúmeras as histórias guardadas no livro da sua memória. Recordações que transporta. Umas pintadas de cor-de-rosa outras de negro.
A infância foi passada com simplicidade. No lugar do Telheiro, na freguesia da Barreira, cresceu lado a lado com os jogos tradicionais da época. Habituou-se, desde catraio, a valorizar a existência de Deus. Assistiu ao crescimento de uma casa com ….. irmãos, onde os pais, apesar de muitas dificuldades, conseguiram, com a mesma panela de sopa, criar, com educação os seus filhos.
Joaquim Pereira dos Santos entrou na escola primária do Telheiro com 7 anos e saiu aos 14 anos, com a quarta classe completa. A partir daí iniciou a sua vida profissional na Pensão Avenida, em Leiria, local onde permaneceu um ano. Posteriormente, ingressou na J. Silva & Irmão, uma fábrica de farinhas, na qual ficou meio ano. A seguir, aceitou o convite para entrar na torrefacção de café “A. Santos”, na estrada da Marinha Grande, cujo proprietário era o mesmo da antiga Pastelaria Soraya. Permaneceu aí durante dois anos.
Aos 20 anos chegou a convocatória para o cumprimento do serviço militar, onde esteve dois anos e meio destacado, em primeiro lugar, no Porto e depois na guerra ultramarina: Guiné-bissau.
Viveu momentos de dificuldade extrema, de desespero absoluto, pensando que o mais certo seria não conseguir retornar a Portugal para conhecer o filho que, entretanto, tinha nascido.
Quando Joaquim Pereira dos Santos regressou do Ultramar, aguardava-o um convite para ingressar na Torrefacção Maia, na estrada da Estação, Bairro das Almoínhas. Durante três anos permaneceu como responsável pela produção de café, assistindo e participando activamente no crescimento da empresa. Posteriormente, a Portucel foi a empresa que veio a privilegiar, numa carreira profissional que durou 26 anos. Em Janeiro de 2009 reformou-se para, finalmente, descansar do longo tempo que se entregou ao trabalho com afinco.
Recordar tempos ancestrais
Carrega a saudade da alegria dos tempos de pequeno, que apelida de “saudáveis”. Não existia o índice de criminalidade como agora, as pessoas agiam mais no colectivo, com mais pureza e verdade nos seus actos. Hoje, o individualismo e a indiferença nas relações humanas, “para além de magoarem, apenas constroem uma sociedade com pessoas de costas voltadas umas para as outras”.
Antigamente, as pessoas uniam-se, festejavam os acontecimentos, como a passagem do ano. Nas aldeias faziam-se as fogueiras e saltava-se sobre elas. As rodas humanas e as várias brincadeiras populares eram os passatempos da época. Não havia droga, álcool, discotecas, tantas mortes por irresponsabilidades de condução. Para Joaquim Pereira dos Santos “a evolução do mundo foi tal que nos coloca na fronteira exacta da reflexão, sobre saber se devemos recuar ou impedir de avançar”.
Foi aos 19 anos que “alguém o agarrou nos Pousos, uma terra que, um ano e meio depois de casar, o fez ficar para sempre”. Conheceu a Maria Judite, o grande amor da sua vida, a mulher que lhe conferiu a alegria dos seus dois filhos. Mas a distância veio impor-se, com um casamento recente a ser invadido pela necessidade de cumprir a vida militar no palco da guerra.
Guiné, a passagem da dor
O entrevistado ao reportar-se à sua ida para a guerra do Ultramar, diz-nos que “seriam precisas muitas horas para relatar o que por lá viveu”. Joaquim Pereira dos Santos confidencia-nos que partiu num avião da TAP para Bissau, com uma bagagem pesadíssima de medo. Quando chegou, gozou de um ano de algum descanso, pois, foi um período durante o qual não houve ataques. Mas o terror chegou, entretanto.
No Natal de 1974, às 00h00, a sua companhia sofreu um ataque devastador pelos “Turras”. Passado pouco tempo foi destacado para Gadamael, uma zona fronteira, a 18 quilómetros de Konacri. Aqui, estavam a ser atacados a cada cinco minutos, assistindo à morte de muitos dos seus amigos, temendo que a qualquer momento, também sobre caísse alguma bala. Nas suas mãos transportou, com dor, alguns colegas inanimados, mortos ou quase mortos, alguns com órgãos à vista, outros conscientes e a gritar devido às dores que sentiam.
Joaquim Pereira dos Santos perdeu a esperança de voltar para Portugal, quase assumindo que, mais tarde ou mais cedo, também ele seria uma estatística, “mais um que voltava deitado”.
Procurando evitar a exposição à batalha, sentindo, no entanto, com a obrigatoriedade de combater, conseguiu o milagre de escapar com vida. Recorda os momentos da recepção da Virgem Maria na Guiné, onde o seu puro agradecimento e dos outros colegas sobreviventes, foi um sentimento que perdurou até à actualidade. Contudo, a mágoa também o acompanhou, lembrando os “bons momentos com alguns dos colegas que tombaram na guerra”.
O cenário mais dramático, na Guiné, foram os momentos em que “carregava os colegas mortos para as berliés, transportando-os para as morgues, ficando, a seguir, a fazer sentinela aos cadáveres, como honra de pátria e respeito pela sua missão”.
A guerra dispensável
O entendimento de Joaquim Pereira dos Santos e da maioria dos colegas era que “tudo aquilo era um trabalho em vão, porque alguém estava interessado em manter a guerra para se ganhar muito dinheiro nos gabinetes, enquanto os militares estavam revoltados e contra a sua vontade, arriscando em cada minuto a própria vida”.
Porém, a boa notícia chegou no dia 25 de Abril de 1974. Joaquim Pereira dos Santos estava a fazer segurança numa ponte de Bafatá e aparecem alguns colegas à noite, “dando a notícia que se tinha dado o 25 de Abril e que, brevemente, regressariam para casa”. Nessa mesma noite ninguém mais dormiu. Apesar da boa nova ter trazido a esperança, mesmo assim, ainda tiveram, durante algum tempo, especialmente no período do desmantelamento, de “levarem com a ira e revolta da população negra que aproveitava qualquer oportunidade para dizimar”.
Os militares portugueses não eram aceites pelos negros, mas a distribuição de comida, roupas e outros auxílios na saúde e segurança, começaram a dar frutos. Foi-se gerando alguma tranquilidade na relação entre portugueses e guineenses.
Os canhões sem recuo e as armas ligeiras desapareceram por completo das ruas e florestas da Guiné. As aldeias e cidades, os povoamentos, apesar de revoltados contra os militares portugueses, foram-se apercebendo, aos poucos, dos novos tempos. A excepção foram alguns militares “Turras” que se refugiaram no mato.
Joaquim Pereira dos Santos, depois de regressar a Portugal, para reorganizar a sua vida familiar, desde a primeira hora, que se sentiu desprotegido e ignorado pelo Estado Português. Na sua opinião, “parece que mais ninguém quis saber de nós, do que fizemos, como regressamos, como ficámos, ficando absolutamente abandonados”. Só um Ministro da Defesa fez alguma coisa pelos militares do Ultramar, situação que lamenta, “porque muitos já faleceram e o Estado nada fez para reparar muitas mazelas e outros que ainda vivem, continuam com o abandono, o esquecimento completo”. Para este ex-militar de 57 anos de idade, “apenas Paulo Portas fez algo pelos militares do Ultramar”.
Hoje, permanecem muitos homens em cadeiras de roda, com doenças que lhes afectam a vida, com traumas que perturbam os dias… Não existem apoios financeiros, muito menos psicológicos, para batalhões de homens que “foram carne para canhão”.
A fé como sentido e a família como luz
Como homem que acredita em Deus, assume que a sua dedicação à religiosidade o conduz a uma vida com mais sentido e força para enfrentar os desafios/problemas da sua existência. A missa dos domingos dá-lhe a consistência para o resto da semana.
Deseja partilhar o resto do tempo que lhe está destinado com a família, privilegiando os melhores momentos com quem verdadeiramente merece. Pelo caminho, ficam as recordações da querida neta que “foi um farol, a orientação pura, a relação mais imaculada desde que se conheceu”. Joaquim Pereira dos Santos espera um dia reencontrar a Eduarda de Sempre, “a menina que tanto modificou, moldou, todo o seu ser”. Para isso acontecer entende que nos seus actos “têm de se traduzir ao merecimento para lá chegar”.
Quanto aos períodos conturbados que passamos pelo mundo fora, na sua maneira de ver, os Governantes do mundo, “em vez de gastarem o dinheiro nas guerras, que o gastem na Paz”. Na sua óptica, existem tantas pessoas pacíficas, que apenas precisam do nosso sorriso, de um prato de comida, de uma roupa para vestir e de uma ajuda para se inserirem na sociedade.
Joaquim Pereira dos Santos tem um sonho que confidencia: “a utopia de que todo o ser humano consiga ser feliz nesta curta passagem”.
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