1. O simpático convite de Joaquim Santos, director desta publicação, leva-me a escrever algumas palavras neste vosso jornal. É com enorme gosto que o faço, não só por estar a contribuir para um produto decorrente de uma das disciplinas da Pós-Graduação em Imprensa Regional, mas também por sentir que, na qualidade de Coordenadora da referida Pós-Graduação, é meu dever deixar um testemunho que, embora modesto, não deixa de ilustrar o meu empenho neste Curso.
De facto, a Pós-Graduação em Imprensa Regional resulta, como se sabe, de uma conjugação de sinergias entre o Grupo Sojormedia, o maior grupo de imprensa regional do país, e a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
No ano de 2006 / 2007 foi realizada uma auscultação prévia aos media de comunicação regionais que resultou no levantamento de um conjunto de carências na formação dos profissionais deste meio. Assim, a proposta da Sojormedia, no sentido de criar esta pós-graduação, foi acolhida com entusiasmo pela Faculdade de Letras, nomeadamente pelo seu Instituto de Estudos Jornalísticos.
Em primeiro lugar, porque este Instituto já marcara a História do ensino da Comunicação em Portugal, ao criar, há pouco mais de uma dezena de anos, a primeira licenciatura em Jornalismo; em segundo lugar, porque as chefias da Faculdade, a Direcção do Instituto e eu própria consideramos ser uma das funções obrigatórias da Universidade, no presente contexto, promover uma formação ao longo da vida que capacite os profissionais das diversas áreas, actualizando-os e reciclando os seus conhecimentos, tendo em conta a vertiginosa mudança da sociedade contemporânea, em todos os domínios do saber; por último, mas não menos importante, esta proposta da Sojormedia foi entendida, no âmbito da abertura da Universidade de Coimbra ao mundo exterior e empresarial, como mais um desafio inovador.
2. Ora, foi precisamente deste modo que o Instituto de Estudos Jornalísticos entendeu empenhar-se na primeira edição desta Pós-Graduação que em breve terminará. Este empenho traduziu-se sobretudo pela dinamização de um conjunto de instrumentos científico-pedagógicos que, aliados à parceria da Sojormedia, tornaram possível levar a bom porto este primeiro ano do Curso. Coube, assim, ao Instituto a responsabilidade científica de tutelar a componente científico-pedagógica do Curso, bem como dinamizar ao longo do ano o seu funcionamento que, por razões de diversa ordem, é inovador e diferente.
Na verdade, um dos desafios que enfrentámos residiu precisamente no carácter renovador desta Pós-Graduação que a distingue, em inúmeros aspectos, de outros cursos afins. A começar pela diversidade do seu curriculum, constituído por diversos tipos de módulos didácticos, passando pelo seu público-alvo, essencialmente jornalistas, ou seja, profissionais para quem a frequência de um curso desta natureza constituiu um esforço acrescido, até à variedade de proveniência e formação dos seus docentes, a primeira Pós-Graduação em Imprensa Regional do país constituiu para quem nela esteve envolvido um difícil mas gratificante desafio.
De facto, uma das mais-valias deste Curso reside, na minha opinião, na heterogeneidade curricular: os alunos puderam contactar com um conjunto muito diferenciado de disciplinas, seminários e conferências, através dos quais contactaram com realidades científicas, profissionais e técnicas muito díspares que formaram um conjunto compósito, indo ao encontro de um vasto leque de lacunas sentidas pelos profissionais da imprensa regional. Além do mais, o contacto com um corpo docente, maioritariamente constituído por profissionais do meio, externos à Faculdade, também proporcionou aos nossos estudantes uma formação ecléctica que aliou idealmente teoria e prática, conhecimento e reflexão, discussão e exercício crítico.
Tudo isto foi, estou certa, conseguido através do enorme envolvimento da Faculdade de Letras e do Instituto de Estudos Jornalísticos, apesar de algumas vozes dissonantes, por vezes, não o terem entendido desta forma. Cumpre-me, portanto, fazer justiça a alguns dos elementos-chave, sem os quais esta Pós-Graduação não se teria concretizado: o permanente e aberto diálogo com o senhor Presidente do Conselho Directivo, que sempre se mostrou extremamente disponível para nos auxiliar e orientar; o empenho da Senhora Directora do Instituto a quem se deve a construção dos pilares deste Curso; a solidariedade das colegas da Comissão Científica de Grupo, sempre prontas a resolver pontuais problemas científico-pedagógicos; o dinamismo e sentido de responsabilidade da Dra. Manuela Santos que sempre esteve presente na pronta resolução de aspectos logísticos e burocráticos; finalmente, o empenho dos colegas que, quer como docentes, quer como interlocutores, sempre alimentaram e acarinharam este Curso. Não se trata aqui de promover um auto-elogio (que não cairia bem, nem faria sentido), trata-se sim de, ao fazer o balanço possível desta primeira edição, reconhecer os esforços de quem nela colaborou.
3. Para terminar gostaria ainda de salientar que o Instituto de Estudos Jornalísticos sempre encarou esta Pós-Graduação como um curso em que se deveria apostar, mantendo o equilíbrio entre o desejável rigor científico que a Academia requer e as necessidades práticas do nosso público-alvo, formado essencialmente por jornalistas de imprensa regional.
Não sendo nem jornalista, nem especialista em Imprensa Regional, reconheço, no entanto, que, tal como tantos outros profissionais do jornalismo e da comunicação, os profissionais dos media regionais enfrentam dilemas e problemas de diversa ordem. Na actual conjuntura, o desemprego e instabilidade profissionais, os baixos salários, o desequilíbrio entre forças externas, directores, editorias e jornalistas são problemas que de facto requerem uma reflexão séria e aprofundada. Naturalmente que a minha utopia não me leva a pensar que uma Pós-Gradução se presta à resolução de todas estas carências.
No entanto, se, através dela, os nossos jornalistas – estudantes conseguirem aprender a reflectir sobre as questões críticas que envolvem a prática muito específica do jornalismo regional; se ela lhes possibilitar a consolidação de um conjunto de conhecimentos sólidos e úteis; se ela conseguir promover uma reflexão séria sobre as temáticas deontológicas, éticas, legais inerentes à profissão; finalmente, se esta Pós-Graduação tiver deixado espaço para as dúvidas e para o questionamento… já valeu a pena todo o esforço. Tanto da nossa parte, como da parte dos nossos alunos.
Prof. Doutora Ana Teresa Peixinho
(Coordenadora da Pós-Graduação em Imprensa Regional)
(Coordenadora da Pós-Graduação em Imprensa Regional)